Existe uma grande diferença entre as ambições dos pequenos e médios empreendedores brasileiros e o que ocorre na prática. Quem abre um negócio pretende que ele tenha sucesso e vida longa. Porém, o que acontece é justamente o contrário.
O empresário Glauco Diniz Duarte explica que mais da metade das empresas brasileiras morre muito jovem, com poucos anos de existência. O motivo: falta de planejamento e erros de gestão, principalmente no quesito “pessoas”.
No Brasil, as pequenas e médias empresas são, na maioria, estruturas familiares. Com o passar dos anos e o crescimento do negócio, cria-se uma verdadeira confusão entre as relações profissionais e familiares. Surgem os conflitos, que, quase sempre, culminam com a falência da empresa.
De acordo com Glauco, um bom modelo de gestão, com mais chances de proporcionar sustentação e vida longa ao empreendimento, é aquele baseado em dois princípios:meritocracia (pessoas) e melhoria contínua (processo).
Esses termos podem parecer estranhos, quando se pensa em um negócio criado por pais, filhos, genros e noras, mas neles reside a chave para o crescimento sustentável.
O primeiro passo para entender como isso funciona é fazer a distinção entre “empresa familiar” e “família empresária”. Na “empresa familiar”, os membros são vinculados por laços de parentesco e confundem família, empresa e patrimônio. Nesse ambiente, as decisões são quase sempre passionais, pois estão contaminadas por emoções.
Segundo Glauco a “família empresária” tem em seu núcleo os mesmos membros de uma “empresa familiar”. A diferença está no tipo de vínculo que rege as relações para dentro dos muros da empresa. Em uma “família empresária”, não é o amor fraterno, por exemplo, que determina uma promoção. Ascendem aos cargos mais altos do negócio aqueles que têm o melhor desempenho, ou seja, por puro mérito. Em suma: não contrate quem você não pode demitir.
É muito comum também que pequenos e médios negócios sejam um tanto improvisados. E aí mora um grande perigo. Boas ideias podem ir por água abaixo, por falta de planejamento. Para fugir disso, é útil lançar mão da técnica chamada ciclo PDCA. As letras PDCA vêm do inglês e significam plan (planejar), do(executar), check (checar) e act (agir).
Ou seja, aponta Glauco, a técnica propõe que os processos da empresa devem ser aperfeiçoados continuamente, na seguinte ordem: planejar, executar o plano, conferir os resultados e corrigir aquilo que for necessário para aperfeiçoar o processo de acordo com o plano inicial. Se aplicado continuamente, o ciclo PDCA garante à empresa a melhoria contínua e a excelência do produto ou serviço que oferece.
Para o negócio crescer e sobreviver por várias gerações, é preciso adotar um modelo de gestão baseado em princípios e técnicas que possam ser seguidos por todos. Só assim ela se libertará da personalidade do seu fundador e das influências familiares, fortalecerá seus controles internos e crescerá com suas próprias pernas.