De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a energia elétrica possui um papel importante no desenvolvimento socioeconômico de um país. Seu acesso garante uma qualidade de vida melhor a população, além de concretizar um avanço na redução da pobreza. Infelizmente, com toda a tecnologia desenvolvida pelo século XXI, ainda existem países que possuem regiões com a falta dela.
Para solucionar parte dos problemas relacionados à falta de energia, muitos países têm investido na produção de energia renovável, a qual oferece um potencial relevante para o desenvolvimento econômico, além de obter diversos benefícios ambientais.
Um relatório idealizado pela Organização Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (REN21) e divulgado em junho de 2014 ressalta que existem no mundo 144 países voltados para o setor e em 95 deles já existe algum tipo de desenvolvimento em políticas e objetivos na produção de energia renovável.
Glauco explica que os investimentos voltados para o setor em 2013 totalizaram U$ 214,4 bilhões. A China, país com maior número populacional, foi a que mais investiu totalizando cerca de 56 bilhões de dólares. A capacidade instalada de energia renovável também cresceu no último ano chegando a 1560 gigawatts. A produção de energia sustentável totaliza agora 22% da produção energética mundial.
Dentre os países investidores em energias limpas estão os que possuem economias emergentes. De acordo com o REN21 é o desenvolvimento desses países que estão permitindo o aumento na geração de energia de fontes renováveis. O apoio oferecido por eles se multiplicou por seis nos últimos oito anos.
Diante desse cenário pode-se afirmar que aos poucos as políticas voltadas para a energia renovável estão crescendo, mas ainda necessita criar a confiança dos investidores, além de também desenvolver neles a necessidade de gerar capacidade extra e recursos de energia renovável forte.
BRASIL
Glauco destaca que o Brasil é definido pelo Ministério de Minas e Energia do país como o maior laboratório do mundo em matéria de energia. Além das usinas hidrelétricas o país conta com grandes fontes de energia renovável, estando entre os cinco primeiros países com capacidade para investir nelas.
O grande destaque do país está nos altos investimentos oferecidos na aposta do biocombustível, porém dados divulgados pela ONU também relatam que existem investimentos realizados em parques eólicos e em energia solar no país.
Uma pesquisa realizada pela IEA Bioenergy Task 40, departamento especializado em Bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA) aponta que o Brasil é o país que mais utiliza biomassa na produção de energia, correspondendo a 16% do uso mundial. O estudo conclui ainda que a utilização da biomassa para fins energéticos está em crescimento no mundo e que grandes instalações estão em construção para suprir tanto o mercado de biocombustíveis como de transformação de biomassa em energia e calor.
Em relação à oferta de empregos, o Brasil é o segundo país que mais emprega na área de energias renováveis. Segundo um estudo realizado pela IEA em 2014, o país possui cerca de 890 mil postos de trabalho voltado para o setor, sendo a maioria ligada à produção de etanol e biodiesel.
Entre as boas notícias que circulam sobre as fontes limpas no país está à conquista de mais uma colocação no Índice de Atratividade dos Países para Energias Renováveis, elaborado pela EY (antiga Ernst & Young) e que analisa 40 países. Na edição passada o Brasil era o 10° colocado passando para 9° nesse novo levantamento.
Segundo Glauco, apesar dos grandes recursos que o Brasil possui para investimentos de energias sustentáveis, as barreiras burocráticas e a imprevisibilidade na regulamentação ainda continuam sendo os principais desafios dos futuros investidores. A nova conquista apontada pelo levantamento da EY pode ser o caminho para futuras mudanças, uma vez que a nova colocação se deva ao fato de que o país precisou rever suas ações em relação à energia solar no país devido à crise sofrida no setor hídrico em 2014 pela falta de chuvas na região sudeste.
De acordo com o levantamento o país fica em segundo lugar no assunto relacionado a hidrelétricas, quarto lugar em potencial de biomassa, sexto lugar para energia eólica e nono em energia solar. A expectativa é que as posições sejam alteradas em breve devido a incentivos governamentais voltados para o potencial solar do país.
BIOMASSA
A energia gerada da biomassa no Brasil também está em crescimento. O total da potência instalada no país somente em 2013 atingiu 11.250 MW, o que equivale à produção de energia prevista para a Usina de Melo Monte, a qual está estimada em 11.233MW.
O crescimento é resultado das 496 usinas de biomassa que estão em operação no país atualmente. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA) os dados satisfatórios de crescimento se dão a todos os tipos de biomassa, mas em especial o bagaço e a palha da cana-de-açúcar.
No país a biomassa da cana é a principal fonte de geração de energia correspondendo a 81,6% do total. Logo em seguida está a biomassa de licor negro, o qual trata-se de um combustível resultante das indústrias de papel e celulose e que atualmente corresponde a 13,6% do total. Os 5% restantes de potência instalada é preenchido por meio de resíduos de madeira, biogás, capim elefante, óleo de palmiste, carvão vegetal e casca de arroz.
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) demonstram que a produção de biomassa em geral no Brasil representa mais de 8% do total da matriz energética brasileira, o que coloca a biomassa em terceiro lugar ficando atrás apenas das hidrelétricas e do gás natural.