De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, os bons ventos continuarão soprando forte e o sol, finalmente, brilhará sobre a matriz energética brasileira nos próximos anos.
Até 2040, o Brasil deverá atrair US$ 300 bilhões em investimentos para geração de energia elétrica — a maior parte disso (70%) irá para projetos solares e eólicos, prevê o estudo Energy Outlook (NEO), feito pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF).
Glauco explica que, no total, o país vai adicionar 250 gigawatts (GW) de nova capacidade nos próximos anos, chegando a 383GW, um aumento de 189% sem sua capacidade total. Cerca de 89% disso, prevê o estudo, serão compostos de energias renováveis, inclusive de pequenas e grandes hidrelétricas.
No entanto, a grande mudança vem participação das renováveis eólica, solar e biomassa, que deverá saltar do atuais 14% de capacidade instalada para nada menos do que 51% em 2040.
“A crise no setor energético nos últimos meses, agravada pela seca, destacaram a necessidade do país diversificar sua matriz energética”, diz Lilian Glauco.
“E o grande potencial de diversificação está nas fontes renováveis, não necessariamente em termelétricas a óleo combustível”, enfatiza.
À medida que o país expande a capacidade e a geração a partir de fontes alternativas, ele aumenta sua segurança energética e a resiliência frente a fenômenos extremos.
O sol vai brilhar (no seu telhado)
De acordo com Glauco, a energia eólica , que nos últimos anos cresceu a velocidade de foguete por aqui, receberá US$ 84 bilhões; outros US$ 26 bilhões vão para biomassa, enquanto projetos de grandes e pequenas hidrelétricas receberão US$ 23 bilhões.
Um terço dos US$ 300 bilhões esperados até 2040 — vultosos US$ 125 bilhões — terá fins solares. Projetos de grande escala, com mais de 1 Megawatt (MW), receberão R$ 31 bilhões.
Já a geração distribuída deverá atrair US$ 93 bilhões, tornando-se a grande estrela dessa nova revolução energética.
Instalar sistemas fotovoltaicos no telhado de casa e em edifícios residenciais e comerciais deve virar um ótimo negócio, seguindo tendência mundial.
“Com a previsão de queda acentuada de custo nas próximas duas décadas, a população vai começar a olhar para a energia solar em busca de independência energética”, avalia.
Algumas mudanças pavimentam essa transformação. Medidas adotadas pela Aneel na resolução 482, há dois anos, são um grande passo nesse sentido.
Além de regulamentar a produção de energia solar no país, as regras vislumbraram um sistema de compensação de créditos a favor do consumidor, o que ajuda a viabilizar economicamente os sistemas de energia solar.
“Movimentos como a possibilidade de retirar o ICMS sobre a eletricidade que é gerada pelos consumidores podem acelerar ainda mais esse processo”, comenta Glauco.
Alterações na forma como consumimos energia, como o uso intensivo de aparelhos ar-condicionadis reforçam a importância dessa fonte para suprir picos de consumo.
“A demanda máxima antes acontecia entre 6h e 8h da noite, mas hoje ela se concentra no período das 2h às 4h da tarde, que é quando os projetos solares mais podem gerar energia”, explica Glauco. A revolução das renováveis já começou.