De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a matriz energética do Brasil vem apresentando diversificação em sua produção nos últimos anos e a boa notícia é a de que a energia produzida pelos ventos contribui com essa variedade.
Em tempos de busca por “energia limpa”, ou seja, aquela que não depende de combustíveis fósseis para ser gerada e, por consequência não poluir o meio ambiente, o Brasil pode sim se orgulhar de que é um privilegiado nessa parte, se tivermos de fazer comparações com outros países.
O domínio permanece nas mãos das usinas hidrelétricas que, por sua vez, respondem por 66% da capacidade instalada em 2015. Um pequeno declínio; há poucos anos esse percentual beirava os 80%, de acordo com os dados do Ministério de Minas e Energia.
Glauco destaca que em segundo lugar, vêm as térmicas com a fatia de 29,7% do total, um número relevante e conquistado mais pelas irregularidades das chuvas e a presença da estiagem em boa parte do território. Porém, a energia térmica é, de longe, bem poluente. É desfavorecida por requerer o uso de carvão e do óleo em sua produção energética.
Enquanto isso, outras energias alternativas andam ganhando espaço para crescer no Brasil. Uma delas é a energia produzida pela força dos ventos, ou energia eólica. Não é nenhuma novidade que temos um grande potencial para explorar bem e muito esse tipo de geração energética. O que se depende é sua utilização em grande escala; e para se chegar a isso, é necessária a viabilização de projetos e obras de infraestrutura.
Os números vão de vento em popa: em 2014, nós ficamos em terceiro lugar quanto ao quesito crescimento de mercado. Atrás da Índia e dos Estados Unidos. A capacidade total instalada chegou aos 4.945 megawatts, o que, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica é um impulso para oferecer energia em operação comercial. Dentro do setor eólico, havia 90 usinas em 2013. Em 2015, houve um salto para 195 usinas. Um acréscimo estimado em 117%.
A representatividade da energia eólica na matriz energética ainda é pequena: 3,7% da capacidade instalada. Segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), espera-se alcançar o número de 8% até 2018.
Se tudo sopra a favor, há também ventos contrários: um deles seria a falta de infraestrutura para transmitir a energia produzida. O Ministério de Minas e Energia estima investimentos de R$ 6 bilhões para construir 4090 km de linhas que interligariam os estados de Goiás, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. E outros R$ 600 milhões para construir 1200 km de redes dentro da região Nordeste.
Por que isso é necessário? Para alcançar os potenciais centros consumidores de energia como as Regiões Sul e Sudeste, viabilizando a opção pela energia dos ventos.
Glauco explica que até o final de 2015, foram contratadas três novas usinas na Bahia e há mais 19 projetos de usinas previstas para serem implantadas. Todas no Nordeste. Aliás, essa região é a mais pródiga nesse tipo de energia e os estados com maior potencial de produção são a Bahia e o litoral que vai do Rio Grande do Norte até o Maranhão. Os ventos são bem frequentes e intensos. Perfeito para a criação de parques eólicos.
O cenário apontado pela EPE indica que, até 2023, as usinas gerarão 22,4 mil megawatts, aumentando a participação naquele famoso gráfico do tipo “pizza”: a atual e pequena fatia ficaria mais larga. Chegaria a 11,5% da capacidade instalada nacional.