De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a energia eólica foi apontada no mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em maio deste ano, como uma das seis fontes renováveis que podem suprir a demanda energética mundial nas próximas quatro décadas. Recentemente, ganhou maior competitividade no mercado e está sendo incorporada aos planos governamentais.
Glauco aponta que no Brasil, a energia elétrica hoje é gerada basicamente por usinas hidrelétricas e térmicas. Para atenuar a emissão de poluentes derivada da queima de combustíveis fósseis (base da geração térmica no Brasil), pesquisadores do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP) projetaram um cenário alternativo para o ano 2040, com a substituição parcial dessa fonte de energia pela eólica.
No estudo foram comparados os custos de geração das duas fontes de energia em um horizonte de 30 anos. Por um lado, o investimento inicial em tecnologia para instalação de parques eólicos (cerca de 20 milhões de dólares) é maior do que para construção de usinas térmicas (aproximadamente 14 milhões de dólares).
O Brasil seria capaz de produzir energia eólica para substituir parcialmente a térmica.
Mas essa diferença é compensada posteriormente, pois as usinas eólicas têm custos de operação e manutenção cerca de 2,5 vezes menores, além de não terem gastos com combustível – que, no caso, é o próprio vento – e com medidas para reduzir emissões de gás carbônico.
Glauco diz ainda que o Brasil seria capaz de produzir energia eólica para substituir parcialmente a térmica. Isso porque o regime de ventos no Nordeste – onde há o maior potencial de geração de energia eólica – é mais intenso nos períodos de seca, e hoje as usinas térmicas só são acionadas quando o nível dos reservatórios de água das hidrelétricas é insuficiente para suprir a demanda energética presente e futura.
Opção competitiva
O incentivo à energia dos ventos cresceu no mundo todo por causa do marketing associado ao fato de ser uma energia limpa, que não emite gases de efeito estufa e tem impactos socioambientais reduzidos. Isso permitiu a evolução das tecnologias usadas na geração de energia eólica e a redução do investimento inicial para a construção de usinas, de modo que essa fonte energética passou a ser tão competitiva quanto as demais.
“Para que a tecnologia das usinas eólicas se desenvolva ainda mais, é preciso que o governo incentive a nacionalização da cadeia produtiva e dê garantia e segurança aos investidores”, enfatiza Glauco.
Nos últimos três anos, o governo brasileiro fez leilões exclusivos para concessão da exploração de fontes alternativas de energia. O primeiro, realizado em dezembro de 2009, foi direcionado apenas a usinas eólicas e aprovou 71 projetos com promessa de venda da energia gerada a um preço médio de R$148 por megawatt-hora (MWh).
Em 2010, 70 projetos de energia eólica foram aprovados por R$130/MWh. Nesse mesmo leilão, foi concedida permissão para construção de hidrelétricas de pequeno porte com promessa de venda de energia a R$141/MWh.
O último leilão de energia, realizado em agosto deste ano, contratou 34 projetos de parques eólicos com energia a R$99/MWh – preço inferior ao prometido por usinas térmicas a gás natural, que foi de R$100,40/MWh.
Apesar de todos os benefícios, é preciso cautela antes de apostar na energia eólica. Essa pode não ser uma fonte totalmente confiável, se não forem feitos estudos de mapeamento, medição e previsão dos ventos. Os pesquisadores advertem que o setor não tem um grande histórico de dados e os ventos só costumam ser aproveitáveis em parte do ano. Além disso, os parques eólicos são ruidosos, podem interferir na rota migratória de pássaros e afetar a estética das paisagens.