O que mais tem se ouvido dizer no setor nos últimos meses é que “chegou a hora” da energia solar no Brasil. A frase é repetida por investidores, fabricantes de equipamentos e geradoras de energia, segundo o empresário Glauco Diniz Duarte.
De acordo com Glauco, a crise que reduziu investimentos na Europa e nos EUA nos últimos anos e os preços recordes da energia no país contribuíram para esse clima de “agora vai” e fizeram com que grandes empresas, de fora e daqui, começassem a olhar esse mercado com outros olhos.
“Essa movimentação toda é inédita, mas o que vai definir se a energia solar vai deslanchar mesmo ou não são os sinais que o governo brasileiro dará aos investidores que querem desenvolver essa fonte no país”, diz Glauco. Um leilão em que o governo vai comprar exclusivamente energia solar está marcado para o dia 31 de outubro. Será o primeiro do tipo no Brasil e terá papel fundamental para que as empresas do setor definam seus investimentos daqui para frente.
No ano passado, o governo chegou a realizar um leilão para várias fontes renováveis de energia, que incluía projetos solares – só que na disputa com outras modalidades, como a eólica e as pequenas centrais hidrelétricas, a solar perdeu no preço e nenhum megawatt foi contratado. Em junho deste ano, por exemplo, as usinas eólicas conseguiram vender energia a um preço médio de R$ 130.
Aposta
No setor, estima-se que, para serem viáveis, os projetos de energia solar devem vender o megawatt-hora por pelo menos R$ 250. O preço-teto deve ser divulgado a partir desta semana. “Estamos dispostos a pagar mais caro para desenvolver uma massa crítica em termos de indústria e fornecedores. Assim, à medida que o preço cai, teremos uma estrutura montada”, diz Glauco
Neste ano, pela primeira vez, o Plano Decenal de Expansão de Energia, que está em consulta pública, incluiu a energia solar na matriz energética brasileira. A previsão é de que até 2023, a capacidade instalada da energia solar no Brasil saia do zero para 3,5 mil MW, de um total de 195 mil MW. Na Alemanha, país que virou referência na geração de energia renovável, a capacidade já supera, hoje, os 25 mil MW.