De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, apesar de ser considerada uma fonte de energia limpa e renovável, a geração de eletricidade hidrelétrica ainda enfrenta muitas críticas, relacionadas a impactos socioambientais. Muitos críticos apontam que a solução para a crescente demanda está no investimento em energias alternativas, como a eólica e a solar. Também renováveis, e sem a necessidade da devastação de grandes áreas, essas fontes parecem ser uma solução ecologicamente correta, mas serão eficientes?
Energia limpa, renovável e alternativa
Glauco explica que, quando se fala em fontes limpas de energia, não se trata apenas da energia solar ou eólica. “Elas são parte das fontes limpas, que incluem também a hidrelétrica, nuclear e de biomassa”, comenta. Apesar de produzir dejetos radioativos, a nuclear – que não é renovável – não emite gás carbônico (CO2) na atmosfera. As usinas de biomassa – que queimam bagaço de cana, por exemplo – também são consideradas limpas uma vez que emitem na atmosfera o CO2, que já havia sido absorvido pelas plantas.
As usinas de biomassa, eólicas e solares são consideradas fontes alternativas de energia por uma questão histórica. “O governo brasileiro investe em energia limpa e renovável há décadas, porém, só investia nas usinas hidrelétricas”, comenta Glauco. A partir dos anos 1990, o governo tem demonstrado um interesse cada vez maior nessas novas fontes, que passaram a ser conhecidas como alternativas. Além delas, ainda são consideradas fontes alternativas as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas que utilizam a força dos rios pra gerar eletricidade, porém, sem gerar reservatório de água.
Potencial crescente
Hoje, a energia eólica corresponde a 2% da total produzida no país. Glauco conta que a fonte experimentou dois momentos importantes no país, um em 2004 e outro em 2009. Na primeira fase, o Governo Federal subsidiou o desenvolvimento e implantação no país, visto que era muito cara. Em 2009, foi iniciada a segunda fase, com o chamado leilão da produção de energia eólica, em que empresas produtoras de energia elétrica compraram participação na produção. Os parques eólicos leiloados na ocasião só foram terminados em 2012.
“Depois do primeiro leilão, foram realizados outros, em 2010, 2011 e 2012. Em 2013 deverá ser realizado outro leilão”, comenta Glauco. Ele explica que, com o desenvolvimento de novas tecnologias, o custo de produção foi caindo e hoje é comparável ao da produção hidrelétrica: “Quando a energia eólica foi implantada no país, ela custava R$ 300 para cada megawatt/hora produzido (medida utilizada no setor). Em 2009, custava R$ 180 megawatt/hora. No leilão de 2011, a energia eólica chegou a R$ 100 por megawatt/hora”, destaca. Para se ter uma ideia, as grandes hidrelétricas – principais fontes de energia do Brasil – produzem a um custo de R$ 90 por megawatt/hora.
Por conta do barateamento da energia eólica, especialistas preveem que ela poderá corresponder a até 9% da matriz energética brasileira em 2017.
Na verdade, de acordo com dados recentes, o Brasil tem potencial para produzir 300 gigawatts de energia só com a força dos ventos. Para se ter uma ideia, a produção de energia atual – contando fontes térmicas, hidrelétricas e eólicas – é de 120 gigawatts. “O país tem potencial para triplicar sua produção só com energia eólica, mas isso não é recomendável”, destaca Glauco. Ele explica que, por se tratar de uma fonte que depende dos ventos – que nem sempre sopram – é arriscado torná-la a principal de um país. “O caminho é fazer um equilíbrio entre diferentes fontes energéticas”, defende.