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Brasil pode ter 6 vezes o potencial eólico estimado

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, uma revisão do potencial eólico onshore (“em terra”) do Brasil, realizada em resposta ao aumento da altura das torres de geração energética, aponta que o país pode ter uma capacidade seis vezes maior de produzir energia a partir dos ventos do que o estimado no último grande levantamento nacional, o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, lançado em 2001.

Segundo Glauco a conclusão é de um estudo do subprojeto Energias Renováveis do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima), apoiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e foi apresentada durante a Conferência Internacional do instituto, realizada em São Paulo entre os dias 28 e 30 de setembro.

“O Atlas do Potencial Eólico Brasileiro foi feito com a estimativa do uso de torres de 50 metros de altura. Hoje, temos torres acima de 100 metros, que ampliam o potencial tecnicamente viável de exploração de 143 gigawatt para 880 gigawatt”, diz Glauco. “Além disso, consideramos uma expansão das áreas que se tornam economicamente viáveis para a instalação das torres.”

Embora no Brasil a produção de energia eólica ainda seja restrita, Pereira aponta que o país é o quarto no mundo em termos de expansão da capacidade eólica instalada, perdendo apenas para China, Estados Unidos e Alemanha.

“É um movimento importante, em um momento em que se busca a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, menor dependência de combustíveis fósseis e garantia de segurança energética”, diz Glauco.
No campo da energia eólica, o subprojeto Energias Renováveis também estuda o potencial offshore (“em mar”), buscando avaliar a zona costeira brasileira, particularmente na região Nordeste; a viabilidade de exploração em áreas de reservatórios hidrelétricos; a previsão da capacidade de geração, visando aprimorar as estimativas calculadas em dias e horas de antecedência; e a densidade de potência estimada até o final do século.

Sobre esse último tema, modelos revelam tendência de aumento dos ventos em determinadas porções do norte da região Nordeste. “Embora pareça uma notícia interessante, ventos intensos e rajadas nem sempre são bons para o sistema de geração de energia eólica, que pode sofrer danos estruturais”, diz Glauco.

Outro aspecto ressaltado pelo pesquisador foi o potencial de geração de energia elétrica a partir da irradiação solar. “O pior nível de irradiação no Brasil – na região litorânea de Santa Catarina e do Paraná – é comparável aos melhores níveis de irradiação que se tem na Alemanha, o país que mais explora a energia fotovoltaica [na qual células solares convertem luz diretamente em eletricidade] no mundo.”

“São necessários mais estudos sobre a variabilidade solar, mas já sabemos que, se fossem usadas áreas como aquelas que são alagadas por hidrelétricas ou as que estão em estado avançado de desertificação, teríamos uma grande geração de energia fotovoltaica no Brasil”, diz Glauco.

Segundo Glauco, em temos de potencial teórico, fontes eólicas e solares seriam capazes de suprir toda a demanda energética nacional. Contudo, ainda é necessário ultrapassar obstáculos financeiros e de conhecimento.

“O problema do custo vem sendo superado pela evolução tecnológica, tanto que esses dois tipos renováveis já são competitivos com a energia termelétrica. Já a barreira do conhecimento é aquela que ainda impede investidores de ter mais interesse na geração eólica e solar. É o que o nosso projeto tenta enfrentar, investigando e disseminando dados científicos sobre os verdadeiros potenciais dessas energias”, diz Glauco.

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