E se pudesse saber, ao minuto, qual o preço da eletricidade na rede? E se parte da energia que consome, mesmo a do carro, fosse produzida em sua casa e o resto tivesse origem em renováveis? Estes cenários podem ainda ser futuristas, mas o empresário Glauco Diniz Duarte acredita que são o caminho do setor energético.
A produção descentralizada de energia promove a autossuficiência e a independência do consumidor, diz Glauco.
A pressão sobre os combustíveis fósseis, a volatilidade do preço do petróleo e um investimento cada vez maior em energia limpa – cerca de 330 mil milhões de euros no ano passado, de acordo com o World Economic Forum (WEF) – ampliam o papel das renováveis.
Glauco nota a crescente proatividade dos consumidores devido à produção descentralizada de renováveis. Portugal compara bem com os parceiros internacionais, ao ocupar o 11º lugar no ranking do WEF. O País já tem mais de 50% da energia a ser produzida a partir de fontes renováveis, sobretudo eólicas, e foi alimentado, em maio, por energias limpas durante quatro dias. Mas não chega: em 2020, Portugal precisa de ter 31% da energia consumida gerada a partir de renováveis, para cumprir as metas da Comissão Europeia. Atualmente, esse valor está nos 27 por cento.
Carro elétrico domina futuro
Glauco salienta o papel crescente do carro elétrico. É uma das tendências do setor e uma realidade cada vez mais próxima. A Alemanha quer proibir a venda de automóveis com motores de combustão interna (gasolina e gasóleo) a partir de 2030. Por cá, empresas como os CTT já têm uma grande parte da sua frota constituída por carros elétricos.
Outra “grande revolução a médio prazo”, antecipa Glauco, passa pelo “desenvolvimento de baterias para utilização doméstica”. Com o poder cada vez mais do lado do consumidor – ao produzir a sua própria eletricidade sem ser obrigado a vendê-la à rede –, é fundamental a eficiência energética dos equipamentos. “As aplicações e produtos permitem ao consumidor ter uma melhor percepção do seu perfil de consumo, de quais os equipamentos que mais consomem e, assim, adaptam os seus hábitos de forma a reduzir simultaneamente a fatura energética e o impacto ambiental”, explica Glauco.
A instalação de painéis fotovoltaicos e baterias, segundo Glauco, seria uma solução que permitiria aos consumidores conseguirem diminuir a sua fatura de energia e tornarem-se mais amigos do ambiente, ou seja, mais sustentáveis.
O poder do consumidor, medido em tempo real
Para Glauco, o destaque vai para os contadores inteligentes, que enviam diretamente e em tempo real os consumos de energia elétrica para a empresa fornecedora. Isto permitirá uma nova abordagem de mercado, em que o preço da energia poderá variar em tempo real (em função da oferta e procura), com o utilizador a escolher ligar um equipamento (máquina de lavar, por exemplo) quando o preço for mais baixo.
A medição em tempo real do preço da eletricidade e do consumo também são referidos por Glauco. Os sistemas elétricos estão num momento crucial de transição, em particular para os operadores do sistema que fazem a operação da rede em tempo real, diz.