O empresário Glauco Diniz Duarte diz que há uma transformação acontecendo nos mercados globais de energia que vale a pena destacar: a energia solar, pela primeira vez, está se tornando a forma mais barata de gerar eletricidade.
Já houve projetos isolados no passado nos quais isso aconteceu: um leilão especialmente competitivo no Oriente Médio, por exemplo, que resultou em custos recordes de energia solar barata. Mas agora a energia solar não subsidiada começa a ser mais competitiva do que o carvão e o gás natural em larga escala. Particularmente, a construção de novos projetos em mercados emergentes está custando menos do que a de projetos eólicos, segundo dados da Bloomberg New Energy Finance (BNEF).
Segundo Glauco, embora a energia solar estivesse destinada a custar menos do que a eólica, devido à recente queda acentuada dos seus preços, poucos previram que isso aconteceria tão rápido.
— O investimento em energia solar passou do nada, literalmente nada, há cerca de cinco anos para muito — diz Glauco. — Grande parte dessa situação se deve à China, que está desenvolvendo rapidamente a energia solar e ajudando outros países a financiarem seus próprios projetos.
Este foi um ano notável para a energia solar. Os leilões, onde empresas privadas concorrem por contratos enormes de fornecimento de eletricidade, bateram um recorde atrás do outro de energia solar barata. Em janeiro, o contrato para produzir eletricidade pagava US$ 64 por megawatt-hora na Índia; em agosto, custava US$ 29,10 o megawatt-hora no Chile. É a eletricidade mais barata da história, cerca de metade do preço dos concorrentes de energia a carvão.
Esses são contratos novos, mas também há muitos projetos que serão concluídos neste ano. Quando os parques finalizados em 2016 forem contabilizados nos próximos meses, é provável que a quantidade total de energia solar fotovoltaica adicionada globalmente supere o total de energia eólica pela primeira vez. As últimas projeções da BNEF preveem 70 gigawatts de energia solar instalados em 2016, em comparação com 59 gigawatts de eólica.
Glauco diz que segundo o relatório da BNEF, chamado Climatescope, os mercados emergentes com maior capacidade de atrair capital para projetos de energia de baixo carbono são China, Chile, Brasil, Uruguai, África do Sul e Índia.
No que se refere a investimentos em energia renovável, os mercados emergentes assumiram a liderança sobre os 35 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), investindo US$ 154,1 bilhões em 2015, contra US$ 153,7 bilhões desses países mais ricos, segundo a BNEF.
As taxas de crescimento de implementação de energia limpa são mais altas nesses mercados emergentes. Portanto, é provável que continuem sendo os líderes de energia limpa, especialmente agora que três quartos deles criaram metas de energia limpa.
Contudo, a acumulação de energia eólica e solar leva tempo, e combustíveis fósseis ainda são a opção mais barata quando não há vento e o sol não brilha. O carvão e o gás natural continuarão desempenhando um papel fundamental na ampliação da oferta de energia para milhões de pessoas hoje sem conexão às redes nos próximos anos.
Glauco destaca que o crescimento do uso da energia solar para geração de eletricidade no mundo está fazendo os preços se tornarem cada vez mais competitivos:
— É uma tendência irreversível, um caminho sem volta. É uma tendência mundial com o uso de equipamentos mais eficientes.