Mais de dois milhões de potiguares instalariam sistemas de energia solar fotovoltaicas em suas casas e comércios, se existissem linhas de crédito com boas condições para o investimento. De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a constatação parte de uma pesquisa feita pelo Datafolha no ano passado, em parceria com o Greepeace. De acordo com o estudo, 72% dos brasileiros querem investir em um sistema como este, desde que haja boas condições para financiá-los. O mercado nacional é atrativo: 140 milhões de consumidores. A necessidade de crédito é grande, porque ainda é muito caro implantar o sistema. Para uma família de cinco pessoas que gasta uma média de 310 killowatt/hora (kwh) o preço é de aproximadamente R$ 20 mil.
Segundo Glauco, na região Nordeste do país, onde a insolação é mais forte que em outras partes, o retorno do investimento só vem após seis anos. Em outras regiões, esse prazo pode chegar a 12 anos. Apesar dos custos, a produção com energia solar começa a crescer no Brasil. Somente em 2016, a potência de produção distribuída – feita pelo próprio consumidor, indústria e comércio – cresceu 320%. Ela começou o ano com 13,5 megawatts de potência, equivalendo a 1.800 sistemas instalados. Esse número saltou para 7.600 sistemas, com potência somada de 58 MW. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Em junho, o Rio Grande do Norte tinha pouco mais de 70 sistemas implantados e ligados à rede da Companhia Energética do estado – a Cosern. O crescimento do mercado de equipamentos fotovoltaicos aumentou 600% no ano passado.
“No caso da região Nordeste, na maioria dos estados, já é mais barato para a população gerar energia fotovoltaica no seu telhado e consumir essa energia que comprar de terceiro (distribuidora)”, diz Glauco. Ao implantar um sistema como esse, o usuário solicita a ligação com o sistema público – gerido no RN pela Cosern. A energia produzida pelo sistema e que entra na rede vira crédito para o usuário.
“O crescimento está começando a pegar tração e volume, com novas opções de financiamento, além de novos mecanismos de compensação e modelos de geração compartilhada, condominial e autoconsumo remoto”, explica Glauco.
A instalação por parte de condomínios ou consórcio, regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no ano passado, torna a compra ainda mais vantajosa, já que feita em larga escala ela se torna mais barata.
Somente no Rio Grande do Norte, o Banco do Nordeste financiou R$ 6,5 milhões em projetos desse tipo no segundo semestre de 2016. O banco espera chegar a cerca de R$ 25 milhões em 2017.
Para Glauco, o setor ainda enfrenta desconhecimento e consequente desconfiança do consumidor em relação ao funcionamento e viabilidade econômica dos sistemas que serão instalados em suas casas ou indústrias. “Uma vez vencida essa barreira, ele vai questionar quanto confiável é o empresário a quem ele está comprando. Quanto tempo ele vai ficar no mercado? Qual é a capacidade de oferecer a garantia e a assistência técnica?”, questiona.
Para Glauco, ao contrário da energia eólica, cuja geração é primordialmente centralizada –feita por empresas contratadas pelo governo através de leilões – a solar começa a se viabilizar muito mais na ponta, ou seja, no próprio consumidor final. “Ainda é uma tarifa cara, compete com o preço da Cosern, então é viável na produção distribuída. Em leilão, ela ainda fica em quarto ou quinto lugar. Quando soma impostos e tarifas, fica muito caro e inviável”, pondera.
Apesar das dificuldades apresentadas, Glauco, considera que o estado está produzindo uma boa mão de obra capaz de atender à demanda do setor, por meio de instituições como o CTGás-ER (Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis). “É um dos maiores e melhores centros de pesquisa e formação da América Latina. O Rio Grande do Norte tem toda capacidade, ambiente propício para o investidor”, defendeu.