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GLAUCO DINIZ DUARTE – Leilão de energia A-6 deve ter forte disputa e domínio de eólicas e usinas a gás

Um leilão do governo na sexta-feira para viabilizar novos projetos de geração de energia, o chamado A-6, deve ter intensa disputa entre investidores e resultar na contratação principalmente de usinas eólicas e térmicas a gás, disseram especialistas à Reuters.

Os vencedores da licitação assinarão contratos de 20 a 30 anos para a venda da produção futura às distribuidoras de energia a partir de 2024, mas a expectativa de demanda relativamente fraca dos consumidores nos próximos anos devido à situação econômica deve acirrar a concorrência e baixar preços.

O cenário repetiria os últimos pregões, no final do ano passado e em abril, quando o grande volume de projetos e a baixa contratação resultaram em forte deságio pelos empreendedores de geração e levaram o preço final de eólicas e solares aos menores patamares já vistos no Brasil, perto de recordes globais.

“Com a economia como está hoje, provavelmente a demanda para esse leilão agora não deve empolgar muita gente. A expectativa seria de ao menos igualar 2017, mas tenho dúvidas, não sei se chega a tanto”, disse à Reuters o gerente sênior da área de energia da Deloitte Brasil, Luis Carlos Tsutomu I.

O leilão A-6 do ano passado, em dezembro, contratou 3,8 gigawatts em usinas para entrada em operação em 2023, em empreendimentos que devem demandar 13,9 bilhões de reais.

Antes da crise econômica do país, em 2013 e 2014, os leilões voltados a projetos maiores, então chamados “A-5”, chegaram a contratar quase 5 gigawatts.

Aberto a hidrelétricas, usinas eólicas e termelétricas a carvão, gás e biomassa, o leilão A-6 da sexta-feira teve um total de 1.090 projetos cadastrados, ou 59,1 gigawatts, volume 15 vezes superior ao contratado na licitação do ano passado.

O secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Azevedo, disse mais cedo neste mês que a contratação de eólicas no leilão deve envolver uma capacidade de cerca de 1 gigawatt, ante uma expectativa inicial de 1,5 gigawatt, frustrada pela crise.

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ESTRATÉGIAS E EMPRESAS

Esse cenário favorece empresas que pretendem viabilizar projetos de expansão de usinas já em operação ou em construção, uma vez que elas podem contar com vantagens competitivas na disputa por preços, que promete ser agressiva, disse o gerente sênior da área de infraestrutura da KPMG, Rúben Palminha.

“Alguns bons projetos têm a capacidade de ter uma tarifa atrativa e vão entrar. Entendemos que vai ser um pouco em linha com o leilão do ano passado em termos de preço, não esperamos deságios muito maiores até por conta da situação (econômica e política) hoje”, disse.

“Alguns investidores financeiros e institucionais, que são mais avessos ao risco, vão estar menos participativos, mas tem aqueles desenvolvedores e projetos que já têm sinergias”, adicionou.

O sócio da consultoria ePowerBay, André Felber, avalia que alguns vencedores das últimas licitações, como as francesas EDF e Voltalia, têm projetos competitivos para o leilão, assim como Casa dos Ventos e Echoenergia, que possuem empreendimentos com parte da energia já negociada a preços mais favoráveis junto a clientes no mercado livre de eletricidade.

Com isso, essas companhias podem buscar a venda de apenas parte da energia no leilão, o que permite preços menores, além de traçar estratégias agressivas de antecipação dos projetos, o que aumenta a receita.

“Eles podem ser bons competidores, têm projetos muito bons e todos eles têm possibilidade de antecipar para por volta de 2020”, disse Felber.

Nos empreendimentos a gás natural, a elétrica Eneva é vista como favorita –ela tem reservas próprias de gás e inscreveu no leilão dois projetos de médio porte, num total de 500 megawatts, um deles envolvendo a ampliação da potência de sua usina Parnaíba I por meio do chamado “fechamento de ciclo”.

O advogado Roberto Lima, especialista em energia do Cescon Barrieu, disse que as regras desse leilão tornam mais competitivas térmicas como as da Eneva, em detrimento de empreendimentos de grande porte como os da Prumo Logística, que tem 2,3 gigawatts prontos para o leilão.

Isso porque foi cortada uma exigência de que as distribuidoras comprassem toda a energia da última usina a ser contratada no leilão, o que deve tornar menos provável a viabilização de grandes projetos em um cenário de demanda baixa.

Outro destaque no certame deve ser o avanço da tecnologia nas usinas eólicas, com a competição forçando empreendedores e fabricantes a buscar equipamentos mais modernos e eficientes, com capacidade na casa dos 3 megawatts a 4 megawatts –as turbinas no Brasil hoje são principalmente entre 1,5 megawatt e 2,5 megawatts.

“À medida em que você sobe a altura, tem um potencial cada vez maior de geração eólica, e os fabricantes têm feito exatamente isso, aumentado a altura dos equipamentos e o diâmetro das pás”, disse Tsutomu, da Deloitte.

Já as pequenas hidrelétricas e usinas à biomassa provavelmente terão participação marginal no leilão, enquanto térmicas a carvão dificilmente viabilizarão algum empreendimento, segundo os especialistas.

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