GLAUCO DINIZ DUARTE – Energia solar fotovoltaica ganha impulso no Brasil
País tropical, com forte incidência de raios solares em praticamente todo o seu território, o Brasil aproveitava pouquíssimo, até recentemente, essa fonte limpa e sustentável de energia. A energia solar fotovoltaica, gerada a partir da radiação solar, porém, ganhou bastante impulso a partir da entrada em vigor da resolução nº 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regulamentou a possibilidade de conexão à rede das concessionárias da energia produzida pelo próprio consumidor – para uso residencial, comercial ou industrial, entre outros.
Poder conectar a energia autoproduzida às redes existentes das concessionárias de energia fez com que não mais fosse preciso usar abateria para armazenar a energia produzida, diminuindo à metade o custo de implantação do sistema, anteriormente utilizado apenas em locais remotos e sem acesso à rede elétrica. “A partir da entrada em vigor da resolução 482, houve um crescimento acelerado da energia fotovoltaica no Brasil”, afirma Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica(Absolar ).
Com essa regulamentação, o país também alinou-se ás práticas internacionais: cerca de 95% dos sistemas fotovoltaicos mundiais são conectados à rede (Grid Tie) e funcionam de forma integrada,trocando energia com a rede pública. Esses sistemas podem substituir as fontes já existentes e, quando produzem energia na própria unidade consumidora, são chamados de geração distribuída ou geração para autoconsumo.
O crescimento da energia solar fotovoltaica a que se refere Sauaia foi realmente vertiginoso. Em 2012, havia apenas quatro sistemas de geração distribuída implantados no país; em 2013, 76; em 2014, 426; e em 2015,existiam 1.788 sistemas, um incremento de 320%, num ano em que a economia recuou 3%. Se a energia solar fotovoltaica distribuída tem tido enorme crescimento nos últimos anos, as perspectivas para a energia solar fotovoltaica centralizada, a dos grandes empreendimentos, das grandes usinas solares, também são auspiciosas para os próximos anos.
Desde que foi realizado o primeiro leilão, em 2013, quando foi contratada uma unidade em Pernambuco, com 92 MW, volume que subiu em 2014 para 1.048 MW, em cinco unidades, também em Pernambuco, essa modalidade vem tendo um crescimento consistente. Em 2015, foram realizados dois leilões de energia solar fotovoltaica, com a contratação de cerca de 2 mil MW.
A estimativa da Absolar e do Ministério das Minas e Energia é de que sejam contratados mais 3.300 MW até 2018 em leilões – o primeiro dessa série será realizado em dezembro de 2016 -, com a previsão, da Absolar, de que sejam investidos entre R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões nesse período.
Entraves
Os principais impedimentos para a expansão mais acelerada da energia solar fotovoltaica no Brasil ainda são os custos – dos equipamentos e dos impostos que incidem sobre a cadeia produtiva, em torno de 40%, bastante superior à de energias renováveis estabelecidas há mais tempo, como a eólica.Isto faz com que o KWh da energia solar fotovoltaica tenha custo médio em torno de R$ 300, enquanto a energia eólica está em torno de R$ 180 o KWh.
As principais reivindicações do setor são de isonomia tributária com seus concorrentes em energias renováveis – eólica e biomassa –para que o país possa atingir o feito da Alemanha, país que, em sua região mais ensolarada, obtém 40% da energia solar potencialmente produzida na região menos ensolarada do Brasil e, ainda assim, tem hoje mais de 50% de sua matriz energética originados da energia solar. A energia solar fotovoltaica atualmente representa 0,1% da matriz energética brasileira.
Projetos e equipamentos
O impulso obtido pela energia solar fotovoltaica com a promulgação da resolução 482/2012 da Aneel fez com que aumentasse bastante o número de empresas, nacionais e estrangeiras, fabricantes de equipamentos para a instalação de sistemas baseados na energia solar. Os grandes projetos tendem a se beneficiar desse aumento de escala, embora a cadeia produtiva dessa fonte de energia ainda não tenha atingido a sua maturidade, algo que deve acontecer na próxima década.
Quanto aos projetos de engenharia relacionados à energia solar fotovoltaica, há mercado para atuação de escritórios especializados na geração distribuída e na centralizada, mas com pequena participação em relação ao total de empreendimentos. Isto porque, nas grandes usinas solares, a participação de empresas internacionais, que desenvolvem projetos com equipamentos e equipes técnicas próprias, é substancial, enquanto na energia distribuída esses projetos são desenvolvidos e fornecidos no pacote dos fabricantes, na maioria dos casos.Desde que foi realizado o primeiro leilão, em 2013, quando foi contratada uma unidade em Pernambuco, com 92 MW, volume que subiu em 2014 para 1.048 MW, em cinco unidades, também em Pernambuco,essa modalidade vem tendo um crescimento consistente. Em 2015, foram realizados dois leilões de energia solar fotovoltaica, com a contratação de cerca de 2 mil MW.