GLAUCO DINIZ DUARTE Energia solar no tratamento de esgoto é implantada em Mogi Mirim
Com uma ação inédita no Brasil, a cidade de Mogi Mirim, localizada no interior de São Paulo, deve se tornar o primeiro município brasileiro a implantar o sistema de energia solar fotovoltaica – que usa a radiação direta do sol para gerar eletricidade – na infraestrutura de tratamento de esgoto doméstico.
O anúncio do projeto foi feito recentemente pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), com início das operações do sistema de energia solar previsto ainda para este mês de fevereiro. Segundo a Sabesp, o sistema fotovoltaico é composto por 1.073 painéis solares, com potência de 402,375 kWp, instalados nos telhados dos prédios que estão no entorno da estação de tratamento e também na cobertura do estacionamento da concessionária local Serviços de Saneamento de Mogi Mirim (SESAMM), no sistema de Carport.
Em declarações à imprensa, o presidente da SESAMM, Carlos Roberto Ferreira, afirmou que, apesar da obra ter sido iniciada há aproximadamente quatro meses, os estudos para implantação do sistema fotovoltaico começara, no entanto, há anos. “Em Ribeirão Preto (SP), por exemplo, já existe uma estação de tratamento de esgoto onde a energia gerada é oriunda do biogás, resultado do próprio processo de tratamento. Em Mogi Mirim, buscamos outra alternativa. O fato de termos uma área grande de talude no terreno da estação viabilizou a instalação dos painéis solares”, explicou.
Com a instalação dos painéis fotovoltaicos, o objetivo para a estação de tratamento de esgoto de Mogi Mirim, que trata 150 litros por segundo de esgoto, com um consumo total de energia de 1,72 megawatts por ano, é que 40% do suprimento energético da estação seja provido pela energia solar. Mas este percentual pode variar em determinadas épocas do ano, segundo Ferreira, uma vez que a incidência de luz solar pode aumentar ou diminuir dependendo da época do ano.
Vale destacar que o presidente da SESAMM garante que, independentemente da instalação do sistema fotovoltaico, não haverá mudança na tarifa de água e esgoto. “O contrato de concessão prevê uma série de obras obrigatórias, mas esse projeto é uma melhoria operacional, e não faz parte do contrato de concessão. É como se estivéssemos comprando um equipamento para melhorar a performance do processo. Isso não vai interferir na tarifa”, afirmou.
Os módulos irão ocupar uma área de 2,1 mil metros quadrados, produzindo cerca de 606 MW/h por ano – energia suficiente para abastecer 370 unidades habitacionais. O projeto terá custo total de R$ 1,7 milhão e cumpre todas as determinações da Resolução Normativa 482/687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que estabelece os critérios para micro e minigeração de energia.