Glauco Diniz Duarte Grupo GD – porque energia solar é renovável
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a conta de luz tem pesado cada vez mais no orçamento da família brasileira. Um estudo apontou que o reajuste da tarifa média residencial foi 50% maior do que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na última década; além disso, o megawatt da tarifa residencial subiu 499% no período. Esse pode ser o grande motivo que mais de 85% dos brasileiros quer gerar energia renovável – como a fotovoltaica -, em casa, segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Mas, apesar do Brasil ter ampliado seu desenvolvimento neste tipo de geração de energia renovável – avançou de apenas 7 MW para mais de 2.300 MW operacionais desde 2012 – a geração distribuída representa ainda cerca de 0,6% do atendimento da demanda atual. Estes números mostram como o setor ainda é extremamente tímido quando se compara com o imenso potencial solar fotovoltaico brasileiro, o maior dentre todas as fontes de energia do País.
Inclusive um outro estudo, parceria da FIESP, ABSOLAR e Furnas, reforça este potencial, indicando grandes possibilidades com a instalação de geração distribuída para energia renovável. No Brasil, seria possível, por exemplo:
Reduzir em 70% dos gastos com energia elétrica;
Viabilizar a geração distribuída em todas as faixas do Programa Minha Casa Minha Vida;
Tornar o proprietário do imóvel também proprietário do sistema fotovoltaico da sua casa.
Onde está o problema então? Por que a implementação de energia solar fotovoltaica com geração distribuída – especialmente em habitações populares para reduzir as despesas dos moradores – não avança? É o que vamos abordar ao longo do texto.
Iniciativas para utilização de geração distribuída por meio de sistemas fotovoltaicos
Reduzir a conta de luz do cidadão, das empresas e do poder público com uma energia elétrica mais barata, além de tornar as construções mais sustentáveis com uma energia limpa e renovável. Estes são apenas alguns dos benefícios que os sistemas fotovoltaicos podem trazer com a implantação de políticas públicas adequadas para alavancar o setor.
Neste contexto, a criação de um programa do Governo Federal para desenvolver a fonte solar fotovoltaica quer proporcionar ao país a atração de R$ 100 bilhões em novos investimentos privados até 2030, chegando a meta de 30 GW de potência operacional da fonte. A primeira fase deste programa já começou a ser desenvolvida e segue até 2022.
Também já existe a Portaria n. 643/2017 que estabelece as condições gerais de uso da energia solar fotovoltaica no Programa Minha Casa Minha Vida. Ela é um passo importante para democratizar a geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil, porém precisa de alguns ajustes (inclusão das faixas 1.5, 2 e 3 do programa) para que se torne efetiva e mais regras que viabilizem o financiamento do sistema gerador como parte integrante do imóvel. Vale lembrar que a liberação de renda comprometida tende a reduzir o risco de inadimplência.
A grande questão, no entanto, é o financiamento para implantação destes sistemas: ele é visto como o maior gargalo de mercado por mais de 75% das empresas do setor solar fotovoltaico, de acordo com a ABSOLAR. Para as construtoras esse também é um investimento que pode pesar no orçamento da obra.
A boa notícia é que já este ano o preço de referência dos sistemas solares fotovoltaicos foi reduzido para R$ 3,5 mil por unidade habitacional, melhorando as possibilidades de instalação. E para reforçar, há um diálogo entre o Ministério do Desenvolvimento Regional e ABSOLAR visando assegurar a criação do Programa Minha Casa Minha Vida Solar Fotovoltaico.
Assim, com o início do financiamento habitacional para instalar geradores fotovoltaicos durante a obra, fazendo parte do custo das casas é possível gerar uma equação financeira extremamente positiva, para as famílias e também para as construtoras. Já há inclusive exemplos de empreendimentos que oferecem imóveis com geradores instalados, como é o caso do Vida Nova Franca da construtora Pacaembu, em Franca (SP), e outro da construtora CURY, em Monte Mor (SP).
Energia renovável como forma de reduzir gastos de moradias populares
Quando o construtor investe em sustentabilidade, há maior valorização dos empreendimentos e pode-se evitar diversos gastos ligados ao processo construtivo. Já para o consumidor, especialmente os de rendas mais baixas, o ganho está na redução de custos mensais e na disponibilidade de usufruir de ambientes que trazem mais qualidade de vida.
Exemplos práticos, para a construtora e para os moradores. Para a construtora, já há soluções de geração de energia solar integrada ao projeto, com análise de viabilidade e instalação e uso dimensionado de painéis fotovoltaicos e iluminação de LED. Os painéis, por exemplo, podem ser colocados para geração de energia em áreas comuns do condomínio – se instalados na fase de execução do empreendimento, podem inclusive, gerar energia para o canteiro de obras – ou direto para geração para cada unidade habitacional. No caso de instalação dos sistemas já no canteiro de obras, até 20% do investimento pode ser retornado para a construtora por ano de obra.
Já para os moradores, o investimento em um sistema de 1kWp, suficiente para uma família de quatro pessoas, resulta num aumento de aproximadamente R$ 30 na parcela do imóvel; mas, por outro lado a economia na conta de luz pode chegar a R$ 90. Isso gera uma liberação de renda de R$60 todo mês para o morador. E esta economia pode ainda ser ampliada trabalhando na eficiência energética das residências.
Controle de desperdícios nas residências
De forma geral, há uma demanda crescente – visto que são entregues cerca de 700k UH a cada ano – e também um desperdício oculto de energia nas residências de baixa renda, que pode chegar a R$50 por mês. Mas esse desperdício pode ser minimizado com estratégias de eficiência energética.
Os maiores ganhos em economia acontecem se os módulos fotovoltaicos forem instalados para as unidades habitacionais e aliados à iluminação de LED e à dispositivos para o controle e gestão de consumo dentro das residências. A Ambar, por exemplo, trabalha em duas destas soluções: um sistema baseado em IoT e Big Data Analytics, que permite medir e analisar quanto cada eletroeletrônico está consumindo de energia e buscar formas de otimizar os gastos com a conta de luz; e iluminação customizada em LED. Somadas, as tecnologias de geração de energia, eficiência e gestão de consumo podem reduzir em até 10% as despesas no orçamento médio das famílias de baixa renda, cerca de R$120 ao mês, o que representa um impacto bastante positivo.
Além disso, o modelo de negócios da Ambar entrega os componentes das residências durante a construção da forma mais econômica possível para baratear o investimento nas tecnologias que reduzem o consumo de energia elétrica. Nossa política é que o custo de financiamento destes investimentos não pode ultrapassar 30% da economia real gerada para o morador, garantindo desta forma uma casa mais moderna e eficiente e que libere renda. Isso cria um impacto social em escala, pois a renda liberada ajuda a aquecer a economia dos bairros beneficiados, criando um ciclo virtuoso de impacto social.