Glauco Diniz Duarte Grupo GD – Energia solar está mais barata
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o preço das energias renováveis tem caído rapidamente. É o que apontam os gráficos publicados recentemente no Our World in Data, uma publicação científica online, em parceria com a Universidade de Oxford. Um relatório de 2019 da organização sem fins lucrativos Rocky Mountain Institute já tinha indicado que era mais barato construir e usar uma combinação de energias renováveis como a eólica e a solar do que construir novas usinas de gás natural. E agora, esse declínio fica ainda mais claro.
Outro relatório deste ano, da Carbon Tracker, também descobriu que em cada um dos mercados de energia do mundo, é mais barato investir em energias renováveis do que no carvão. De acordo com a Carbon Tracker, em 10 anos, o preço da geração solar de eletricidade caiu 89%, e o preço da energia eólica onshore caiu 70%, indicando que a energia limpa já ultrapassou seu ponto crítico.
Comparando o preço da eletricidade de novas usinas em 2009 e 2019, um gráfico da Our World in Data mostra como o preço da energia solar fotovoltaica (de painéis solares) despencou de US$ 359 por megawatt hora para US$ 40, o mais barato de qualquer uma das opções de energia estudadas.
Se os preços das moradias caíssem na mesma taxa, escreve Max Roser, pesquisador do Our World in Data, o aluguel de uma casa que custava US$ 3.590 em 2009 sairia por apenas US$ 400 em 2019. No mesmo período, o preço do carvão mal se alterou, de US$ 111 por megawatt-hora em 2009 para US$ 109 em 2019.
Em 2009, construir uma nova fazenda solar era 223% mais caro do que construir uma nova usina a carvão. Agora, isso mudou: a eletricidade de uma nova usina a carvão é 177% mais cara do que a eletricidade de novos painéis solares. O que causou a mudança? Grandes saltos no avanço tecnológico. “Para entender por que a energia solar ficou tão barata, temos que entender por que a tecnologia solar ficou barata”, escreve Roser.
Os primeiros exemplos de tecnologia solar não eram acessíveis. Em 1965, o primeiro ponto de preço para a tecnologia solar utilizável que Roser encontrou em sua pesquisa, 1 watt custava US$ 1.865 (nos preços atualizados para 2019). Embora os proprietários não estivessem gastando muito com a energia dos painéis solares, a tecnologia acabou sendo usada para satélites. E, como acontece com outras tecnologias, quanto mais algo é produzido, mais barato e mais fácil se torna de produzir. É graças a essa demanda inicial no setor de satélites de alta tecnologia, escreve Roser, que aprendemos maneiras mais baratas de produzir módulos solares.
De 1976 a 2019, o custo de um módulo fotovoltaico – um painel solar – caiu de US$ 106 por watt para US$ 0,38 por watt. “Depois de atingir a escala, a energia solar passou a ter sua própria cadeia de suprimentos. E o próprio módulo ficou muito mais barato”, disse David Feldman, analista financeiro sênior do Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA. E com essa escala houve mais pesquisa e desenvolvimento. “A tecnologia em si continuou a melhorar em termos de eficiência, confiabilidade, longevidade, portanto, há todas essas outras coisas além da expansão.”
Este “aprender fazendo” ajudou a reduzir o custo de instalação e construção de sistemas solares também. Outro gráfico do Our World in Data mostra como, à medida que construímos mais fazendas solares e a capacidade renovável aumenta, o preço dessa energia renovável diminui. Em 2010, com menos de 50.000 megawatts de energia solar instalada, um megawatt-hora de eletricidade solar custava US$ 378. Em 2019, com mais de 500.000 megawatts instalados, esse preço cai para US$ 68.
Esse efeito não se aplica ao carvão; no mesmo período, mesmo com o aumento da capacidade de carvão, o custo da eletricidade a carvão caiu apenas 2%. O carvão não está ficando mais barato, e Roser observa que não há razão para acreditar que ficará no futuro.
Tudo se resume a como funcionam as usinas de combustíveis fósseis e renováveis. Para carvão, gás e usinas nucleares, há dois fatores que afetam o preço: o custo atual desse combustível e os custos operacionais da usina. As energias renováveis, como a eólica e a solar, não precisam pagar pelo combustível, então o único custo é construir e manter a tecnologia. Para uma usina de carvão, o custo do insumo é responsável por 40% dos custos totais dessa usina. Todas as usinas que dependem de fontes não renováveis de energia terão esse gasto contínuo, mesmo que a tecnologia para construir as usinas fique mais barata.
Enquanto isso, o preço das energias renováveis pode continuar caindo. “Ainda há muitas oportunidades para redução contínua de custos”, diz Feldman. “E certamente há muitas áreas ao redor do mundo e nos EUA que não têm uma grande capacidade instalada de energia solar, então ainda há muitas oportunidades para uma maior penetração no mercado.” Quanto mais a energia solar for adotada, mais os preços cairão, acrescenta ele – embora uma questão importante para a ampliação seja o armazenamento de energia.