De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, o Brasil está passando por dificuldades no setor elétrico: aumento no custo da produção e do preço da energia (esperam-se aumentos de 40% no preço da energia elétrica, impactando negativamente a competitividade da indústria brasileira), apagões e aumento das emissões de gases de efeito estufa pelo setor elétrico, que dobraram entre 2010 e 2013, de acordo com dados do Observatório do Clima.
Os principais motivos são a falta de chuva e os baixos níveis nos reservatórios das hidrelétricas do País, o despacho permanente de caras e poluentes termoelétricas, a falta de planejamento e de investimento no setor de energia condizente com a demanda e perdas de eficiência energética na transmissão da energia, entre outros. Projeções oficiais estimam necessidade de repasse de R$ 10 bilhões na conta do desenvolvimento energético só em 2014.
No entanto, como dizem, Deus é brasileiro e o Brasil é rico em recursos naturais: temos abundância de terra fértil, ventos, alta incidência solar e reservas de água doce. E as fontes renováveis de energia – biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), eólica e solar fotovoltaica – devem proporcionar grande parte da solução para uma matriz elétrica diversificada, limpa, segura, econômica e abundante no País. Estamos presenciando o movimento em direção às renováveis no Brasil e no mundo – uma revolução energética. A energia renovável está cada vez mais competitiva e os projetos podem ser construídos rapidamente, atendendo à crescente demanda por energia no País. Além de as renováveis utilizarem 200 vezes menos água que as fontes fósseis de energia. Pela primeira vez na História do Brasil as fontes renováveis de energia representaram mais da metade do aumento na capacidade de geração no ano – 3,9 GW dos 7,5 GW instalados em 2014, de acordo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo Glauco, os investimentos em energia renovável no mundo cresceram 16% em 2014, atingindo US$ 310 bilhões. No Brasil os investimentos em energia renovável cresceram 88% em 2014, chegando a US$ 7,9 bilhões, resultado principalmente de novos parques eólicos. Terminamos o ano com 6 GW de capacidade instalada de projetos eólicos, suficiente para abastecer uma cidade com 10 milhões de habitantes e representando 4,5% da capacidade elétrica brasileira.
O setor eólico representa mais de 90 mil empregos gerados, pelos números da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). E, de acordo com o governo, a energia eólica deve atingir 22,4 GW de potência instalada em 2023. O setor é maduro, está em franco crescimento onde temos alguns dos melhores ventos do mundo e com preços competitivos – a energia eólica hoje é gerada ao mesmo preço ou abaixo da energia hidrelétrica. É um setor que vai continuar criando grandes oportunidades de negócio no segmento de geração de energia elétrica, além da indústria da cadeia de suprimentos (equipamentos). Só em 2014 o Brasil investiu R$ 16 bilhões em energia eólica.
Glauco diz que outro setor importante é o de bioenergia. Em 2014 a energia elétrica gerada a partir de biomassa (bagaço de cana, madeira de florestas plantadas) representou mais de 4% do consumo nacional de eletricidade e, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, chegou a atingir 7% durante o período seco. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), isso foi equivalente a ter poupado 14% da água dos reservatórios das hidrelétricas do submercado elétrico Sudeste/Centro-Oeste, o principal do País. A Unica estima um potencial de geração de bioeletricidade de três usinas Belo Monte utilizando somente a biomassa hoje disponível nos canaviais brasileiros.
O segmento de energia que mais cresce no mundo é o da solar fotovoltaica. Em 2014 a energia solar representou metade do investimento em energia limpa no mundo. Mas no Brasil, apesar de termos abundância de sol, esse setor ainda é nascente.
No entanto, 2014 foi um ano importante: os custos da energia solar caíram (de acordo com o Departamento de Energia dos EUA, os preços dos painéis fotovoltaicos diminuíram 59% entre 2010 e 2014) e ela já é competitiva em diversos países.
No Brasil tivemos os “estádios solares” e o primeiro leilão federal de energia solar, no qual 1 GWP de capacidade foi contratado ao preço de R$ 215 por MWh, equivalente ao das novas termoelétricas e muito menor que o das termoelétricas mais antigas em operação, que chegam a R$ 900 por MWh. O setor espera a contratação de 1 GW de projetos solares no País por ano. Portanto, o setor deve movimentar mais de R$ 7 bilhões anuais a partir deste ano de 2015, com a instalação de novos projetos, novas fábricas e a criação de novas empresas.
Os primeiros fabricantes de painéis solares já anunciaram investimentos no País: o BNDES financiou a planta de painéis solares da Pure Energy e a Itaipu está estudando uma fábrica. Teremos os primeiros projetos de energia solar distribuída a grandes consumidores, como já é comum no mundo com empresas como Intel, Microsoft, Google, Wal-Mart, Apple e Starbucks – que estão entre as dez maiores consumidoras de energia limpa entre as empresas Fortune 500. A geração distribuída, próxima ao consumidor, é uma das grandes vantagens da energia solar, que pode ser produzida em telhados de residências, estacionamentos, shopping centers… Esses projetos permitem redução nas grandes perdas com transmissão elétrica.
Com investimentos anuais em renováveis na faixa de R$ 20 bilhões por ano e com crescimento representando a maior parte do aumento da demanda de energia elétrica no Brasil, o futuro das energias renováveis no País será cheio de sol, ventos e terras férteis.