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GLAUCO DINIZ DUARTE Mercado solar em alta

GLAUCO DINIZ DUARTE – Mercado solar em alta

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GLAUCO DINIZ DUARTE – Mercado solar em alta

Mercado solar em alta. Uma mola de impulso à geração fotovoltaica é a queda dos preços. “Houve redução de 20% a 30% nos últimos anos”, atesta o empresário Fernando Knecht. Isso se explica, principalmente, pela decisão de grandes empresas europeias do setor de fabricarem módulos fotovoltaicos na China. Uma delas, informa ele, é a Canadian Solar (Canadá). “O grupo está entre os globais que produzem as placas de melhor qualidade”, diz. A eficiência delas é de até 80%, durante 25 anos. Isto é, ao longo de um quarto de século, o módulo perde apenas 20% da sua capacidade de produzir energia.

Além dos preços em baixa, outras iniciativas têm dado suporte na opção pela energia solar. A entrada dos bancos e das seguradoras no mercado é um exemplo. Segundo Knecht, a taxa de um financiamento tem sido, na média, de 1,07% a 1,27% ao mês, índice bem inferior ao do custo financeiro de compra de um veículo, que pode chegar a 2% ao mês, cita o empresário. As seguradoras, por sua vez, estão oferecendo blindagem do investimento diante de eventuais riscos, como os advindos das variações do tempo.

Sócio-diretor da Eco Energy, de Porto Alegre, o engenheiro eletricista Gerson Preto diz que a conta de energia elétrica tem aumentado, nos últimos anos, em média 8% no Brasil e esse percentual deve se manter por vários anos. Porém, o custo dos equipamentos da energia solar já caiu 50% de 2014 até agora. “Então, vale a pena pensar no tema e nos ganhos futuros”, observa. Essa equação, diz, está sendo analisada por empresas e pessoas físicas em busca de economia de dinheiro. Por essa razão, a demanda por energia solar residencial e comercial tem sido crescente.

Nem sempre se alcança a eficiência ideal na geração solar fotovoltaica. Há condições e variáveis. Uma delas é o tipo do telhado do imóvel onde serão fixados os módulos fotovoltaicos. Calor não significa melhor aproveitamento de um painel. Ao contrário, se for aquecido demais, o módulo tem sua potência diminuída. A luz solar é o que importa e a inclinação à melhor captação do painel é 32 graus. Já a orientação solar da placa fotovoltaica tem que ser no sentido norte, observa Preto. No verão, a irradiação no Sul, onde os dias são mais longos, é maior em relação à irradiação do Nordeste.

Como há complexidade na geração da energia solar, o recomendável, sugerem os instaladores, é o cliente, seja ele pessoa física, empresa privada ou pública, ter informações, simulações de medições do consumo normal de energia e avaliações de custos e de economia. Um projeto completo em informações e detalhamento dá mais garantia. Permite avaliar o histórico do consumo dos últimos 12 meses, a inclinação possível e melhor orientação geográfica dos módulos, e a qualidade dos materiais (fiação, painéis, inversor) a serem empregados. Esse é um bom começo, diz o engenheiro Preto.

No território gaúcho, a média da irradiação solar diária ao longo do ano, para um módulo inclinado a 30 graus, é de 4,6 a 4,7 kWh por metro quadrado

SOL DO RIO GRANDE DO SUL E INCENTIVOS

No território gaúcho, a média da irradiação solar diária ao longo do ano, para um módulo inclinado a 30 graus, é de 4,6 a 4,7 kWh por metro quadrado, informa o professor Fabiano Gasparin. Como comparação, ele usa Bom Jesus da Lapa (BA). Lá, a irradiação é da ordem de 6,0 kWh por metro quadrado por dia. Em termos de potencial, um sistema solar de 1 kW de potência instalada, em Santa Maria (RS), considerando todas as perdas, produz em torno de 1.330 kWh de energia elétrica, enquanto que na cidade baiana a produção seria de 1.610 kWh ao ano, aproximadamente 20% superior.

A região Nordeste, é claro, apresenta maiores índices de irradiação solar, que asseguram velocidade no retorno do investimento, assinala o professor. Mas o Rio Grande do Sul não está mal em presença solar. A diferença, na média, como mostra o exemplo de Bom Jesus da Lapa, fica na faixa dos 20%. Em projeto residencial fotovoltaico, avalia Gasparin, é prioritário ter, antes do investimento, o cálculo da conta de energia paga pelo consumidor (mensal/anual) e do ganho da energia fotovoltaica. Um projeto solar pode não ser bom empreendimento para a família que gasta pouca energia da rede.

Incentivos tributários têm dado brilho à energia solar. Aceleraram negócios, mas não criaram ainda um parque fabricante de componentes nacionais. Há dois incentivos principais, conforme o professor da Uergs. Um é o convênio Confaz 16/2015, do qual o Rio Grande do Sul é signatário, por meio do acordo ICMS 157, de dezembro de 2015. Ele isenta de ICMS a energia que circula no sistema de compensação. Antes, a energia consumida da rede era paga com ICMS e a energia injetada era compensada pelo valor, mas sem ICMS. A isenção permitiu reduzir o tempo de retorno do investimento no sistema.

O outro incentivo notável, no conceito de Gasparin, é a isenção do IPI, do Imposto de Importação e do ICMS aos geradores de energia fotovoltaica. Esse pacote viabiliza a prática de valores menores para os equipamentos. Aos interessados no detalhamento, o professor recomenda consulta na página do Ministério da Indústria, Comércio, Exterior e Serviços, na qual consta a ampla lista dos benefícios tributários.

CHINA É GIGANTE SOLAR, O BRASIL ESTÁ LONGE

No plano global, falta ao Brasil posicionamento melhor na energia solar fotovoltaica. Por exemplo, afirma Sauaia, o país é o número dois em geração de energia hidrelétrica, número quatro em energia de biomassa e número oito em energia eólica. “Na energia solar fotovoltaica estamos entre os 30 primeiros países”, informa. A China é nação líder. Produz 130 GW só em energia solar fotovoltaica. “Comparem: a matriz elétrica total brasileira (hídrica, carvão, gás, derivados do petróleo, biomassa, eólica) é de 160 GW”, ilustra Sauaia. Seguem a China no ranking global de 2017 da energia solar fotovoltaica, o Japão, Alemanha, EUA e Itália.

O futuro parece promissor para a energia solar. Segundo Sauaia, a Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, calcula que até 2030 a energia poderá chegar a 10% da potência do Brasil na geração de eletricidade. Já a Bloomberg New Energy Finance vai mais longe, projeta que a solar fotovoltaica tem condições de representar 32% da matriz elétrica brasileira em 2040, chegando à primeira posição no ranking brasileiro de energia. A hidrelétrica passaria para o segundo lugar, com 29% de participação na matriz.

Segundo a consultoria dos EUA, a energia solar fotovoltaica será o meio de geração de menor custo no mundo. Ao Brasil, seria uma eletricidade complementar fundamental para ser adicionada à energia das outras fontes. Em períodos de pouca chuva e muita seca, os reservatórios de água das grandes hidrelétricas estão em baixa. A forte irradiação está colada a esse cenário e a energia solar fotovoltaica passa a ser útil para diminuir o uso da potência das hidrelétricas. Assim, cai também a utilização da água dos reservatórios dessas usinas. Para Sauaia, a gestão inteligente da energia de menor custo deve incluir a sinergia presente em duas formas de geração: a solar fotovoltaica e a eólica. Na maioria dos estados, a geração eólica é mais produtiva à noite, quando aumentam as correntes de ar e os ventos são mais fortes e constantes. Por outro lado, durante o dia há bom rendimento na geração da energia solar. Então, o sistema de melhor eficiência resulta da união das duas fontes. Ambas podem trabalhar melhor juntas e se complementar.

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