GLAUCO DINIZ DUARTE – Em leilão, distribuidoras compram menos energia que o necessário
As distribuidoras de eletricidade do país contrataram no leilão de energia realizado nesta sexta-feira (5) montante de energia que cobre a necessidade para o segundo semestre de 2015, mas que ainda as deixa expostas na primeira metade do ano aos fortes gastos com compra de energia negociada no chamado mercado à vista, cujo preço disparou devido à seca.
No leilão desta sexta, 33 distribuidoras de eletricidade compraram 622 megawatts (MW) médios de energia, frente a uma necessidade de entre 4 mil e 4,5 mil MW médios para 2015. Essa grande demanda das distribuidoras, no entanto, está mais concentrada no primeiro semestre de 2015, já que a partir do segundo semestre serão distribuídas às concessionárias cerca de 4,2 mil MW médios de energia das cotas das concessões de geração que vencem e que ficarão disponíveis para as distribuidoras de energia.
O resultado do leilão ficou abaixo do esperado. Segundo a Aneel, “não houve oferta suficiente” de energia por parte das geradoras para atender toda demanda. (Veja vídeo acima).
“O resultado do leilão não atendeu a demanda máxima (declarada pelas distribuidoras)”, disse à Reuters o superintendente de Estudos de Mercado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Frederico Rodrigues.
O problema
Quando o preço da energia no mercado à vista dispara, distribuidoras descontratadas (que usam mais eletricidade que aquela que possui sob contrato) são obrigadas a pagar caro pela energia extra, e essa conta é depois repassada aos consumidores – ou seja, provoca aumento das contas de luz.
Isso foi exatamente o que ocorreu no país em 2014: devido à estiagem, o preço da energia no mercado à vista disparou.
Nesta semana, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) confirmou que, mesmo com uma segunda captação de recursos para socorrer o setor, que elevou o empréstimo bancário de R$ 11,2 para R$ 17,8 bilhões, a ajuda do governo não vai ser suficiente para cobrir os gastos extras das distribuidoras em 2014.
Sem deságio
O leilão vendeu energia ao preço médio de R$ 197,09 por megawatt-hora (MWh), praticamente sem deságio frente aos preços máximos permitidos, sendo que apenas as estatais Furnas, da Eletrobras, e Petrobras venderam energia num certame que durou menos de 20 minutos.
Apesar da pouca oferta, o assessor do Ministério de Minas e Energia, Igor Alexandre Walter, disse que a descontratação das companhias no segundo semestre de 2015 está praticamente equacionada.
Já para o primeiro semestre, o governo ainda deverá buscar reduzir a descontratação com novo leilão – ou leilões – de ajuste.
Novos leilões
A Aneel informou que ainda não há definição sobre as regras de possível leilão de ajuste no início do ano que vem, mas que este poderá ter produtos com períodos diferenciados, de três e seis meses, por exemplo.