Glauco Diniz Duarte Grupo GD – porque instalar energia solar
De acordo com o Dr. Glauco Diniz Duarte, a oferta por fontes de energias limpas e renováveis que nos tornem menos reféns da atual matriz energética é um desafio que se impõe aos governos. Mas a disseminação e popularização dessas tecnologias ainda esbarra em vontades políticas, legislações frágeis e o próprio custo dos equipamentos. Entretanto, crescem as possibilidades para que os brasileiros deixem de tomar choque com aumentos inesperados na conta de luz e que agridem o bom senso e o bolso.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) indicam que o setor vem crescendo na média dos 300% ao ano. Ao final de 2017, um total de 1.000 megawatts (MW) era a estimava gerada em energia solar no País, um salto de 325%, se comparado aos 235 MW de julho do mesmo ano e o suficiente para abastecer cerca de 60 mil residências com até cinco pessoas cada.
RS em terceiro
A Associação Gaúcha de Energia Solar (Agesolar), que reúne 36 empresas, enumera que o Estado se tornou o terceiro do País em capacidade instalada. São 19 mil Kilowatts (KW) e 1.950 conexões instaladas. “Para 2018, a nossa expectativa é que possamos dobrar esse número”, diz o presidente da entidade, Rodrigo Corrêa. Ele afirma que apenas uma empresa comercializou, entre janeiro e fevereiro deste ano, 256 sistemas, que correspondem a kits de painéis solares fotovoltaicos ao custo mínimo de R$ 17 mil, pagáveis em 48 meses e com durabilidade de 25 anos.
Diferença no bolso
Morador de Ivoti, o empresário Eduardo Führ chamou atenção da comunidade, de pouco mais de 22 mil habitantes, por ser o primeiro a instalar placas solares em sua residência. Na sua concepção, energia solar não é custo, mas investimento. “Quando fiz, há dois anos, para pagar o investimento levava sete anos. Hoje, se paga em quatro. E fiz para reduzir a conta da luz”, conta. Führ exemplifica que para sua casa, de 400 m², colocou 40 placas ao custo de 700 reais cada. “Eu gastava em torno de 1.200 watts por mês e 900 reais de conta até o meio de 2015. Hoje, pago apenas a taxa de 70 a 75 reais e tenho uma produção de energia maior que o meu consumo. E o que eu não consumo vai pra RGE, mas tenho até 60 meses para utilizar esse crédito, que hoje está em torno de 5 mil kilowatts”, ilustra.
Como é aproveitada a energia solar
Passo 1 – O painel solar gera a energia solar fotovoltaica. Os painéis solares, instalados sobre o telhado, são conectados uns aos outros e então conectados no inversor solar.
Passo 2 – O inversor solar converte a energia solar para a casa (ou empresa).
Passo 3 – A energia que sai do inversor solar vai para o quadro de luz e é distribuída para a casa e, assim, reduz a quantidade de energia comprada da distribuidora.
Passo 4 – A energia solar é usada por utensílios e equipamentos elétricos: TVs, aparelhos de som, computadores, lâmpadas, motores elétricos, tudo aquilo que usa energia elétrica e estiver conectado na tomada.
Passo 5 – Créditos de energia: o excesso de energia vai para a rede da distribuidora gerando créditos para serem utilizado de noite ou nos próximos meses.
A legalização da geração própria
A geração de energia pelos próprios consumidores tornou-se possível a partir da Resolução Normativa (RN) nº 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atualizada em 2015 pela RN 687. A resolução estabelece as condições gerais para o acesso de micro e minigeração aos sistemas de distribuição e cria o sistema de compensação de energia elétrica. Isso permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local. A normativa autoriza o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração qualificada, denominando-se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada de até 75 quilowatts (kW) e minigeração distribuída – aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW, conectadas à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.
O caminho para quem quer fazer a instalação
Contratar um engenheiro responsável para avaliar o perfil de consumo e a fonte alternativa com melhor aproveitamento a ser utilizada;
Solicitar a elaboração de um projeto técnico e um estudo de viabilidade econômica do investimento (payback e taxa de retorno);
Solicitar orçamentos de equipamentos e instalação;
Apresentar projeto técnico à concessionária local para solicitação de conexão, vistoria e aprovação;
Instalar o sistema;
Substituir o medidor de energia (a cargo da concessionária caso o sistema tenha até 75 Kw);
Aderir ao sistema de compensação de energia.
Fonte: advogado Frederico Boschin
Economia a longo prazo
Sócio-proprietário da empresa Energias da Natureza, com sede em Presidente Lucena, no Vale do Paranhana, Andre Heck diz que a procura e adesão à energia solar para uso comercial, industrial e residencial cresce na região, motivada pelo descontentamento dos consumidores com os aumentos na conta da luz. “Os empresários estão vendo a energia solar como uma possibilidade concreta de reduzir custos e de não repassar esses custos com os aumentos da energia elétrica para o consumidor”, assegura ele. Especialista em energias renováveis e tendo trabalhado no desenvolvimento de parques eólicos gaúchos como o de Santa Vitória do Palmar e do Chuí, Heck diz que a grande maioria das empresas e residências recupera o investimento nas placas solares em até cinco anos. “E há muita eficiência nas placas, que vão gerar energia durante 25 anos”, frisa.
Energia eólica vira PIB
Em paralelo ao crescimento da energia solar no Rio Grande do Sul, os parques eólicos também ganham espaço como referência em exemplo de energias renováveis. Gerente de Planejamento Energético da Secretaria de Minas e Energia, onde coordena a área de Energia Eólica, Éberson Silveira ressalta que o Estado tem hoje o maior potencial eólico do País e opera 1.774 Megawatts (MW) em 76 parques instalados. “São mais de R$ 11 bilhões investidos no setor desde a instalação, em 2006, do complexo eólico de Osório”, enumera Silveira.
O mercado de geração própria no País
Com investimentos superiores a R$ 4,5 bilhões, o Brasil é hoje um dos 30 principais geradores de energia solar fotovoltaica no mundo. A expectativa é estar entre os cinco primeiros até 2030 em potência instalada anual. Segundo a Absolar, estão contratados por meio de leilões de energia cerca de 3.300 MW, que serão entregues até dezembro deste ano. E as constantes altas na tarifa de energia fazem da geração própria uma opção atraente aos consumidores. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que o número de conexões de micro e minigeração de energia no País chegou a mais de 20 mil instalações, com atendimento a 30 mil unidades consumidoras, o que representa uma potência instalada de 247,30 MW, suficiente para atender 367 mil residências. O consumo residencial é responsável por 58,71% de conexões, seguido da classe comercial com 35,25%. A fonte mais utilizada pelos consumidores-geradores é a solar, com 20.666 adesões, seguida de termelétrica a biomassa ou biogás, com 76 instalações. Minas Gerais lidera as conexões (4.484), seguido de São Paulo (4.038) e Rio Grande do Sul (2.497).
Incremento da mão de obra
Entre os ganhos trazidos pela expansão dos projetos de energia solar fotovoltaica estaria o crescimento da mão de obra em toda a cadeia produtiva do setor. “Está abrindo o mercado, porque para instalar precisa de engenheiro, instalador e outros profissionais”, destaca Rodrigo Corrêa, da Agesolar. É a constatação materializada em números da Absolar. A entidade projeta que para cada MW de energia solar fotovoltaica instalado sejam gerados de 25 a 30 postos de trabalho.
Crescimento depende de ajustes nas leis
Advogado do escritório Souza e Berger e atuando com a área de energias renováveis no Estado, Frederico Boschin entende que o destravamento do mercado de geração distribuída de energia, a partir do aumento de investimentos e disseminação das aplicações de sistemas de geração, depende ainda de alguns ajustes nas regras de recolhimento do ICMS. Defende a modificação das legislações estaduais para isenção de ICMS, de acordo com a atualização feita pela Aneel em 2015, isentando da tributação os projetos até 5 MW – atualmente é 1 MW – e permitindo as figuras jurídicas de consórcios de empresas e cooperativas de consumidores. “Temos evolução da parte regulatória, de geração de energia, mas o tratamento tributário ficou descasado. O ICMS está sendo tributado na totalidade, de forma cheia, do que sai e do que se consome, o que encarece demais”, explica Boschin.
Investimentos para a área
Empossada nesta semana como secretária de Minas e Energia, Susana Kakuta destaca que o Estado recém concluiu o Atlas da Energia Solar Fotovoltaica. “Está na pauta a atração de investimentos nessa área. E podemos acoplar a HT Micron, em função da Coreia do Sul ser grande produtora de placas solares de grande eficiência”, observa ela, entendendo que o Estado tem oportunidade de entrar nesse jogo de forma mais incisiva através da importação de equipamentos. O interesse no segmento de energias renováveis no Estado pode ser medido pelo Fórum Regional de Geração Distribuída com Fontes Renováveis (Fórum GD), que ocorrerá nos dias 17 e 18 de maio, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Promovido pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), reunirá provedores de soluções, integradores, distribuidores, fabricantes, profissionais e acadêmicos, e que têm em comum a atuação direta ou indireta na geração distribuída oriunda de fontes renováveis de energia.
