Glauco Diniz Duarte Grupo GD – Como está a energia solar no Brasil
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a impulsão que o mercado de energia solar no Brasil teve nos últimos anos se deve a fatores que vão desde condições climáticas e de irradiação até incentivos governamentais. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a soma da potência instalada (MW) no país passou de 7MW em 2012 para 7.766 MW em 2020.
No Brasil, mesmo os locais com menor incidência de raios solares ao longo do ano, possuem capacidade suficiente para geração de energia elétrica por meio do Sol. Para você ter uma ideia, segundo informações da última edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar, o potencial do nosso local menos favorável é ainda maior que o da região mais ensolarada da Alemanha — um dos países líderes na produção desse tipo de energia no mundo.
Em um mercado com esse potencial, não faltam oportunidades e motivos para que pessoas físicas e jurídicas invistam nesta matriz renovável, sustentável e limpa. Conheça mais do cenário nacional para essa matriz energética e as formas de geração.
Diferença entre geração centralizada e distribuída
De forma objetiva, a geração centralizada é a modalidade de produção de energia mais comum em nosso país, ou seja, grandes estruturas concentradas em uma região e que são responsáveis por abastecer outros locais. Como exemplo, podemos citar as usinas hidrelétricas.
Na geração distribuída, a produção de energia ocorre de maneira descentralizada, dividida entre os locais que geram e já consomem a energia. Como exemplo, podemos citar os sistemas de energia solar instalados nos telhados de casas e empresas.
A permissão a pessoas físicas e jurídicas de terem o próprio sistema de geração de energia elétrica foi implementada em 2012, em razão da Resolução Normativa Nº482 da ANEEL. No entanto, de acordo com a ABSOLAR, o mercado de energia solar no Brasil só começou a ganhar notoriedade em 2017, quando a potência instalada no país subiu significativamente sobre o ano anterior. Tal aumento pode ter ligação com a Resolução Normativa nº 687/2015, que atualizou a de 2012, e alterou o prazo de validade dos créditos, permitiu a instalação da geração distribuída em condomínios, entre outros benefícios.
Após essa expansão, o Brasil atingiu seu recorde em 2020 e ultrapassou a marca de mais de 7.600 MW potências instaladas, sendo 40% geração centralizada e 60% distribuída. É importante ressaltar que por meio da instalação de usinas solares, também é possível ter geração centralizada de energia solar fotovoltaica.
Dados do mercado de energia solar no Brasil
A energia solar gera uma economia de até 95% no gasto total com energia elétrica;
A Aneel estima que, até o ano de 2024, mais de 1 milhão de consumidores devem passar a gerar a própria energia;
Os investimentos totais previstos até 2025 são de R$ 25,8 bilhões;
De todas as novas fontes de eletricidade que o mundo instalou em 2019, 72% eram renováveis — um recorde;
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Internacional Renewable Energy Agency – Irena), a energia solar é a fonte renovável que mais gera empregos no planeta, sendo responsável por mais de um terço dos mais de 11 milhões de empregos vindos de fontes renováveis no mundo;
Até 2030, são previstos 100 bilhões de reais em investimentos no Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica, responsável por incentivos e isenções para empresas que adotam a energia solar;
O país recentemente ultrapassou a marca de 3 gigawatt de potência instalada em micro e minigeração distribuída de energia elétrica;
Em número de sistemas fotovoltaicos instalados no Brasil, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 72,60% do total, segundo dados da ABSOLAR divulgados em 2020;
O tempo médio de retorno do investimento em geração de energia solar no Brasil é de 5 a 6 anos.
Os 3 estados com maior potência instalada
No Ranking Estadual da ANEEL/ABSOLAR, que mede a potência instalada na modalidade de geração distribuída, atualizado em março deste ano, o estado de Minas Gerais ficou em primeiro lugar. Entre os estados que mais exploraram os benefícios da fonte solar no Brasil em 2020, Minas aparece com 887,1MW — 18,5% da capacidade total instalada no país.
Em segundo lugar, aparece o estado de São Paulo, que também está em grande expansão no mercado e que representa 12,5% de potência instalada — número bem próximo ao do Rio Grande do Sul, que fechou em 12,3%, ganhando a terceira posição do ranking.
Já os municípios que ganharam destaque no relatório de geração distribuída foram: Brasília (DF) com 1,3%, Cuiabá (MT) e Uberlândia (MG) empatados, com 1,3%. Esses números são significativos para a conscientização da utilização de energia solar em seus estados.
Devemos destacar também a porcentagem de geração centralizada, na qual o estado de Minas Gerais aparece, mais uma vez, disparado em primeiro lugar, com um total de 5.208,3 (MW) de potência em usinas solares, contando com estruturas em operação, em construção e também as que ainda não foram iniciadas.
Agora que você conheceu vários números deste setor, é o momento de entender um pouco mais sobre o funcionamento da energia fotovoltaica e acabar com alguns mitos que ainda rondam sua utilização. Aliás, um dos principais deles é a diferença entre aquecimento solar e energia solar.
Retorno econômico
O futuro reserva um crescimento ainda mais significativo para o mercado de energia solar no Brasil, pois os investimentos acumulados desde 2012 totalizam quase 13 bilhões de reais distribuídos em todas as regiões e estados. Esse aumento no interesse pela energia fotovoltaica se deve principalmente a dois fatores:
Rápido retorno econômico — em média, 5 a 6 anos. Lembrando que a vida útil dos painéis pode chegar a 25 anos — e há uma garantia de economia de energia na conta de luz de até 95%.
Vantagens do sistema de créditos, que tornam o investimento ainda mais interessante.
Para pessoas físicas e jurídicas, o investimento nesse tipo de energia se tornou uma maneira de “driblar” o alto custo da conta de luz e as variabilidades decorrentes das bandeiras tarifárias, mas há outras vantagens.
Geração própria de energia
De acordo com dados divulgados em 2019, fornecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 89% da população brasileira tem a vontade de gerar sua própria energia sustentável.
Assim, as aplicações da energia solar fotovoltaica são a solução para muitas empresas e residências. As moradias representam 72,6% de todos os sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica, de um total de mais de 210 mil conexões espalhadas por mais de 81% das cidades do Brasil. Considerando o crescimento do setor, é provável que a médio prazo uma parcela significativa da população tenha acesso à geração de energia solar, seja on grid (quando o sistema é ligado à distribuidora de energia) ou off grid (comum em locais onde não há acesso à energia elétrica e é preciso montar um sistema independente).
Valorização dos imóveis e energia solar
Sem dúvida, um sistema de geração de energia solar fotovoltaica é um item que valoriza qualquer imóvel. Basta pensar que os compradores se sentem muito mais atraídos quando sabem que estão adquirindo um local no qual poderão economizar muito com energia elétrica. Embora não existam dados consistentes sobre o tema no Brasil, é possível utilizar dados de outros países para estabelecer parâmetros.
A adoção de um sistema fotovoltaico pode valorizar o imóvel em até 30%. Isto porque, de acordo com um estudo realizado pelo Lawrence Berkeley Laboratory, a pedido do Departamento de Energia dos Estados Unidos, a valorização de imóveis capazes de produzir sua própria energia pode chegar a US$ 15 mil. Ainda com base no mesmo estudo, os compradores estão dispostos a pagar US$ 4 a mais para cada watt de energia solar.
Fácil instalação
Outro fator que proporciona o crescimento dos investimentos em energia solar é a instalação dos sistemas, que está se tornando mais simples e acessível. A tecnologia dos painéis solares e dos demais componentes que fazem parte do sistema de geração está mais desenvolvida. As empresas especializadas oferecem projetos de instalação que podem ser implementados com agilidade.
Acesso a linhas de financiamento
O investimento no sistema fotovoltaico é coerente ao mercado. Se antes as fontes de energia limpas e renováveis eram caras e de difícil acesso, agora existem diversas linhas de financiamento, cujas parcelas podem até se igualar ao valor pago mensalmente na conta de luz da sua casa ou empresa. Ou seja, é de fato um investimento com retorno previsível.
Sustentabilidade
A urgência em adequar indústrias, empresas e residências a um contexto no qual a preservação ambiental é fundamental também representa papel de destaque na expansão do mercado de energia solar no Brasil. Para as pessoas jurídicas, tornar-se sustentável também é uma questão estratégica, já que organizações ambientalmente engajadas tendem a melhorar sua reputação no mercado consumidor.
Já as pessoas físicas, enquanto cidadãos, têm se tornado mais conscientes de seus papéis na economia de recursos naturais. E essa é a oportunidade de gerar eletricidade sem emitir gases de efeito estufa, sem ruídos e sem resíduos. Em uma análise ainda mais ampla, a diversificação da matriz elétrica brasileira é estratégica para toda a nação, à medida que aumenta a segurança quanto ao suprimento de energia à população.
Com todos os pontos citados anteriormente, torna-se bastante evidente o crescimento do mercado de energia solar no Brasil. Mais que um simples modismo, há vantagens que comprovam que a geração da própria energia é um próximo passo não só para residências, mas também para empresas.