Apesar da crise econômica, que afeta diversos segmentos da economia brasileira, o setor da energia eólica deverá crescer cerca de 40% em 2016, segundo o empresário Glauco Diniz Duarte. E para o futuro as perspectivas são melhores ainda.
Glauco explica que este setor surgiu em 1999, quando os primeiros geradores eólicos foram instalados no Nordeste. A energia do vento tomou efetivo impulso a partir da crise energética de 2000/2001, provocada pela falta de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Este fato colocou em cheque a maneira tradicional como o país vinha produzindo grande parte (65%) de sua energia elétrica. Ficou claro que o Brasil precisaria desenvolver outras fontes de energia. Assim, em 2002, o então governo Lula lançou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), que se propunha a desenvolver fontes renováveis de energia, bastante abundantes no país. Foi assim que através do PROINFA construíram-se os primeiros parques eólicos, que em 2005 totalizavam uma capacidade instalada de 25 MW (Megawatts).
De acordo com Glauco, somente o programa do governo não foi suficiente para desenvolver o mercado de energias renováveis; era preciso abrir espaço para uma maior participação do setor privado. Para isso, o Ministério das Minas e Energia decidiu introduzir os leilões de compra de energia renovável, em 2009. Ganhava o leilão a empresa que pudesse oferecer energia ao melhor preço, com as melhores garantias. Com isso, em curto espaço de tempo, os preços de comercialização da energia eólica caíram de R$ 374,00 por MW/h (Megawatt por hora) em 2002, para R$ 100,00 por MW/h em 2011. A queda no preço, fez com que o custo da energia eólica se igualasse praticamente ao preço da energia hidrelétrica, que sempre havia sido a mais barata e tradicional fonte energética brasileira.
Glauco diz que os principais fatores que levaram a este barateamento no preço da energia eólica foram a livre concorrência e seus efeitos positivos. Novas medições dos ventos trouxeram dados mais apurados; foi possível identificar correntes de vento mais constantes e potentes, que associadas a equipamentos mais eficientes aumentaram a geração de energia. A engenharia financeira dos projetos foi aprimorada, reduzindo os riscos para os investidores e aumentando as margens de lucro. A legislação, clara e objetiva, com pouca interferência do governo, passou a oferecer mais segurança no longo prazo, atraindo um número maior de investidores. Além disso, os custos de manutenção dos equipamentos são relativamente baixos.
Atualmente (2016) o país tem 5.141 turbinas eólicas em operação no país, distribuídas em 369 usinas, gerando 9,25 GW (Gigawatts) instalados. Desde o início dos leilões o setor já recebeu R$ 67 bilhões em investimentos, o que transformou o pais em um dos cinco maiores geradores de energia eólica do mundo. Hoje este tipo de energia atende 6,4% da demanda de energia elétrica do país e no Nordeste os parques eólicos locais chegam a suprir 30% da demanda local.
O potencial de geração eólica do país é imenso, estimado em 140 GW ou mais, e o crescimento da demanda fará com que este mercado continue em rápida expansão, pelo menos nos próximos dez anos. Em 2014 foram criados neste setor 40 mil empregos diretos e indiretos, número que até 2019 deverá chegar a 150 mil, quando a capacidade instalada chegar a previstos 18 GW.